Você não tem bloqueio criativo, você precisa de uma rotina criativa



Olá, escritores!

O post de hoje é uma reflexão. Sempre que fazemos as nossas lives lá no YouTube, surge algum autor que nos pede ajuda dizendo "como lidar com o bloqueio criativo? Eu tenho muitas ideias, mas não estou conseguindo escrever". Depois de muito refletir sobre isso, lançamos o questionamento: ter muitas ideias é mesmo estar bloqueado criativamente? Para nós, parece que não, uma vez que a ideia do bloqueio é justamente a de não ter ideia alguma.

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Como pessoas que trabalham com arte e criatividade; nós, escritores, precisamos parar para refletir sobre o nosso discurso. Numa sociedade tão imediatista, que quer tudo para ontem, é muito fácil embarcar numa repetição de "estou bloqueado. Nunca tenho ideias. Não consigo escrever", quando nós temos ideias, sim. É possível dizer mais: repetir em piloto automático que está vivendo um bloqueio criativo é até confortável, afinal, num mundo em que ninguém tem tempo para nada, viver bloqueios é meio que esperado. Nessa lógica, o responsável pela falta de ideias passa a ser o outro, não nós mesmos. Sendo assim, encarar esta reflexão de frente e perceber que somos férteis na elaboração de múltiplas ideias nos faz perceber que o problema é outro: não é o bloqueio criativo, mas como organizar o volume de informações nas nossas cabeças.

Para isso, é fundamental autoconhecimento e disciplina. Autoconhecimento para compreender que nem tudo o que serve para todo mundo, serve para nós; para compreender que rotinas mudam porque a vida também muda; para ficar alerta com o nosso calcanhar de Aquiles; para identificar o que não se sabe e o que é preciso aprender. O autoconhecimento é fundamental, inclusive, para discernir se não o fator de não conseguir colocar as ideias no papel não tem relação com o cansaço do corpo, noites mal dormidas e outros fatores do dia a dia, que aparentemente não estão diretamente ligados à escrita.  Já a disciplina para não nos autossabotarmos, para não deixar de fora da nossa rotina o momento da escrita, para continuar estudando, para traçar novas rotas.


Não há uma fórmula mágica para lidar com o bloqueio criativo, tampouco há uma receita ideal que resolva o problema de inserir a escrita nas nossas rotinas. Tudo é uma questão de determinação. E determinação só sobrevive se tivermos um propósito definido. 

Você já se perguntou por que você escreve? Para que e para quem você escreve? Você deseja de fato se tornar um escritor profissional? As respostas para estas perguntas vão determinar como cada um de nós vai lidar com o desenvolvimento de uma rotina criativa. 

Daniel Pennac, autor de Como um romance, diria que o tempo da leitura é um tempo roubado. Nós dizemos que a mesma ideia vale para o tempo da escrita. Será preciso priorizar entre a série preferia e a escrita; entre a festa com os amigos e a escrita; entre uma hora a mais de sono e a escrita. Com autoconhecimento é possível fazer uma análise detalhada da nossa rotina de vida, ver o que não está sendo produtivo e roubar tempo dali (e aqui vale dizer: o que é importante para uma pessoa não é para a outra. Cada um sabe qual é o melhor tempo roubado). 

Carolina Maria de Jesus e seu manuscrito.
(Imagem: Instituto Moreira Salles.)

Falando assim, parece que este é um discurso de e para pessoas privilegiadas. De autores consagrados que vendem bestsellers. Parece coisa de gente que só vive de escrita e não precisa batalhar para pagar boletos. Parece, mas não é. Aqui lembramos a maravilhosa Carolina Maria de Jesus, mulher negra, periférica, mãe solo. Carolina Maria de Jesus trabalhava o dia inteiro e mesmo assim reservava um tempo para escrever. Ela sabia por que, para que e para quem escrevia. Ela tinha um propósito. Escrever era essencial para ela.

Você não precisa escrever todos os dias, se a sua rotina não permite; mas é importante escrever ao menos uma vez na semana para não perder o ritmo. Você não precisa trabalhar em um único projeto; pode escrever mais de um livro, mais de um texto; desde que mantenha o foco em terminá-lo. Você não precisa escrever o texto na ordem ou de uma vez; o importante é escrever e editá-lo. Em resumo: ter equilíbrio e continuar em movimento é fundamental.

Continuar em movimento também tem relação com entender as diversas etapas de produção de um texto. Não é porque não estamos escrevendo, que estamos bloqueados criativamente. Reler, editar, pesquisar, estudar teoria, corrigir, rearranjar, escrever a sinopse, pensar no design, planejar lançamento, ir a museus, a teatros, a bibliotecas, a eventos literários e tantas outras tarefas também faz parte do trabalho do escritor.

No nosso Comece Aqui há dezenas de artigos, muitos deles relacionados com o bloqueio criativo. Além deles, há também postagens sobre construção de rotina e de carreira. Todos estão prontos para serem explorados. 


Agora nos conte nos comentários: esta reflexão te ajudou de algum modo? Você está mesmo bloqueado ou só precisa reorganizar a sua rotina criativa? 😉

1 Comments

  1. Olá.
    Amei demais esse post e com certeza ter uma rotina de escrita ajuda demais na criatividade. Tudo é uma questão de desenvolvimento, organização e estimular esse desenvolvimento.
    Amei demais esse post.
    Beijos.



    http://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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