Arquétipos na construção de personagens: Guardião de Limiar
Olá escritores!
Já falamos anteriormente aqui no
blog sobre Arquétipo do Herói, do Mentor (Velha ou Velho Sábio), e hoje vamos
falar um pouco sobre o Guardião de Limiar com base no que foi apresentado no
livro A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler.
O nome pode até parecer
complicado, mas o Guardião de limiar nada mais é que os obstáculos que o Herói
(personagem), terá que enfrentar.
Função psicológica: neuroses
Podem representar os obstáculos
comuns, que todos nós temos que enfrentar no mundo que nos cerca: falta de
sorte, preconceitos, opressão ou pessoas hostis, por exemplo. Contudo, num
nível psicológico mais profundo, eles representam nossos demônios internos: as
neuroses, cicatrizes emocionais, vícios, dependências e autolimitações que
seguram nosso crescimento e progresso. Parece que, cada vez que a gente tenta
fazer uma grande mudança na vida, esses traumas íntimos erguem-se com toda a
força, não necessariamente para nos deter, mas para testar e verificar se
estamos realmente determinados a aceitar o desafio da mudança.
Função dramática: testar
Na vida cotidiana, provavelmente
você já encontrou resistência quando tenta fazer alguma mudança. As pessoas em volta,
mesmo as que gostam de você e torcem pelo seu sucesso, muitas vezes relutam em
vê-lo mudar. Estão acostumadas às suas neuroses e sabem conviver com elas, às
vezes até se beneficiando disso. A ideia de uma mudança em você as ameaça. Se
elas resistem, é importante que você perceba que estão apenas funcionando como
um Guardião de Limiar, testando você, para verem se está mesmo motivado. Como exemplo disso temos os tios de Harry Potter.
Testar o Herói é a função
dramática primordial do Guardião de Limiar. Quando os heróis se confrontam com
uma dessas figuras, precisam decifrar um enigma, passar por um teste, ou
simplesmente surgem no caminho desafiando e dificultando o caminho do Herói.
Normalmente, os Guardiões de
Limiares não são os principais vilões ou antagonistas nas histórias. Na maioria
das vezes, são capatazes do vilão, asseclas menores ou mercenários contratados
para guardar o acesso ao quartel-general do chefe. Também podem ser figuras
neutras. Em alguns casos raros, podem ser ajudantes secretos, colocados no
caminho do Herói para testar sua disposição ou capacidade.
É bem comum existir uma relação
simbiótica entre um vilão e um Guardião de Limiar. Na natureza, um animal
poderoso como um urso pode, às vezes, tolerar que um animal menor, como uma
raposa, faça a toca na entrada de sua caverna. Os vilões das histórias muitas
vezes se apoiam em subalternos para protegê-los e avisá-los sempre que um herói
se aproxima do Limiar da fortaleza em que se encontram. Um bom exemplo disso
seriam os Stormtrooper, de Star Wars.
Nas histórias, um Guardião de Limiar
pode assumir uma gama de formas diferentes. Podem se apresentar como guardas de
fronteira, sentinelas, vigias, guarda-costas, bandidos, editores, porteiros,
professores que aplicam exames de admissão, qualquer um cuja função seja
bloquear temporariamente o caminho do herói e testar seus poderes. A energia desse
arquétipo pode até não estar encarnada num personagem, mas pode ser encontrada
num adereço, num elemento arquitetônico, num animal ou numa força da natureza que
impeça o progresso do herói e o ponha à prova. Aprender a lidar com o Guardião
de Limiar é um dos maiores testes da Jornada do Herói e um dos elementos que
pode deixar sua história ainda mais interessante.
Esperamos que vocês tenham gostando de saber um pouco mais sobre este Arquétipo . Na próxima postagem sobre o assunto iremos conhecer mais sobre o Arquétipo do Arauto. Agora nos contem vocês costumam usar os Arquétipos como base para a criação de seus personagens?
1 Comments
Estava fazendo uma visita em um blog de um amigo e acabei me deparando com o seu blog. Aproveitei e vim dar uma olhadinha.
ResponderExcluirVi seu artigo e fiquei curioso para conferir seu conteúdo.
Eu já li algumas coisas sobre a jornada do herói e sua estrutura é bastante importante para poder criar uma boa narrativa.
O texto que eu li era bem resumido. Porém o seu texto mesmo não tratando sobre todos os tópicos é bem detalhado.
Achei bem interessante os exemplos que você colocou no texto sobre o guardião de limiar.
Vou dar uma olhada no seu blog para ver se encontro outros artigos relacionados.
Um abraço.
arquitetoversatil.com
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