Livros que já foram censurados no Brasil

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento preocupante na censura de livros, gerando debates acalorados e mobilizando a comunidade literária, educadores e defensores da liberdade de expressão. Essa prática, com raízes profundas na história do país, levanta questões sobre os limites da liberdade individual e o papel do Estado na regulação da informação.

Histórico da Censura no Brasil:

A censura de livros no Brasil possui uma trajetória longa e complexa, desde a época colonial. Ao longo dos séculos, diversos motivos impulsionaram a proibição de obras literárias, entre eles:

  • Motivos políticos: Durante regimes autoritários como o Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985), a censura era utilizada como ferramenta para silenciar a oposição e controlar a narrativa. Obras críticas aos governos ou que defendiam ideias consideradas subversivas eram sistematicamente proibidas.
  • Motivos religiosos: A Igreja Católica desempenhou um papel crucial na censura durante o período colonial. Livros considerados heréticos ou que contrariavam a doutrina da Igreja eram proibidos e até mesmo queimados.
  • Motivos morais: No século XIX e início do XX, a censura também era utilizada para controlar a moralidade pública. Obras consideradas imorais ou pornográficas eram frequentemente proibidas.
  • Motivos ideológicos: Durante a Guerra Fria, a polarização ideológica levou à censura de livros "comunistas" ou "capitalistas", considerados perigosos para a segurança nacional.

3 Livros  Nacionais que foram censurados no Brasil 

O Casamento, de Nelson Rodrigues: Este foi o primeiro livro a ser censurado no Brasil durante a então ditadura militar, em 1966. Para o governo da época, a obra era como um ataque à sagrada instituição da família brasileira.  

Feliz Ano Novo, de José Rubem Fonseca: Publicado em 1975, o livro foi censurado um ano após seu lançamento e foi recolhido pelo Departamento de Polícia Federal sob a alegação de ser uma ameaça à moral e aos bons costumes da família brasileira. A obra aborda temas polêmicos, como sexo, violência e conflito entre classes sociais


Capitães da Areia, de Jorge Amado: Lançando em 1937 e censurada pelo governo de Getúlio Vargas, a obra faz uma crítica mordaz à desigualdade, transformando meninos de rua em heróis, em vez de tratá-los como delinquentes e malandros. Devido a motivos políticos e ideológicos  muitos livros  foram queimados em praça pública na capital baiana.  Em 19 de novembro de 1937 foram apreendidos e posteriormente queimados: 808 exemplares de Capitães de areia, 233 de Mar Morto, 89 de Cacau, 93 de Suor, 214 de O país do carnaval, quinze de Doidinho, 26 de Pureza, treze de Banguê, quatro de Moleque Ricardo, catorze de Menino de engenho, 23 de Educação para democracia, seis de Ídolos tombados, dois de Ideias, homens e fatos, dois de Dr. Geraldo, quatro de O nacional-socialismo germânico e um exemplar de Miséria através da polícia.

Casos Recentes de Censura:

A luta pela liberdade literária no Brasil continua a ser desafiada por episódios recentes que geraram grande repercussão:

Retirada de livros em Santa Catarina: A Secretaria de Educação de Santa Catarina determinou a retirada de alguns livros nas bibliotecas escolares, alegando conteúdo inadequado para crianças e adolescentes. 
Censura de gibi na Bienal do Rio de Janeiro: Durante a Bienal do Rio de Janeiro, um gibi com temática LGBTQIA+ foi censurado. O caso gerou debates acalorados sobre a liberdade de expressão artística e os limites da censura.
Proibição de livros em escolas: Diversos casos de proibição de livros em escolas foram registrados nos últimos anos. O caso mais recente foi o envolvendo o livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, obra vencedora do Prêmio Jabuti de melhor romance em 2021. 



A luta pela liberdade de ler é de todos nós! É nosso dever defender a liberdade de expressão, o acesso à informação e a diversidade de ideias. Só assim construiremos uma sociedade plural, democrática e livre, onde todos possam ter voz e ler sem medo.


Fontes:

Censura no Brasil é coisa do passado?, disponível no site Politize!
País feito de homens e de livros, disponível no site Pesquisa FAPESP


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