Sucesso e escrita depois dos 40 anos de idade



Olá, escritores!

Setembro é o mês do meu aniversário. Em 2025, início a minha 39ª volta ao redor do sol e percebo que, conforme vamos ficando mais velhos, passamos a entender a passagem do tempo e o sucesso com um olhar diferente. Em uma sociedade que valoriza a juventude a todo custo e que tem um mercado editorial tão complexo, é legal demais manter em mente exemplos de pessoas que continuaram lutando pelos seus sonhos e que alcançaram o sucesso depois dos 40 anos ou mais. Por isso, trouxe uma breve lista desses exemplos para que nós continuemos mantendo a chama da nossa arte acesa. 

🎂🎂🎂

Anna Sewell (1820-1878)

A escritora inglesa obteve sucesso com o único livro que é famoso até hoje. Black Beauty (em português saiu como Diamante Negro ou Beleza Negra, a  depender da tradução), foi publicado quando ela tinha 57 anos (ela morreu 5 meses depois disso).


Annie Proulx (1935)

A escritora franco-canadense é autora do livro O Segredo de Brokeback Mountain, lançado quando ela tinha 57 anos e adaptado para o cinema quando ela tinha 70. Tanto o livro, quanto o filme trouxeram reconhecimento ao seu talento.


Bernadine Evaristo (1959)

A autora britânica publicou o seu primeiro livro aos 55 anos. Sua obra de estreia, Mr. Loverman, foi vencedora dos prêmios Editorial Triângulo Ferro-Grumley de ficção LGBT e Jerwood Fiction Uncovered. Em 2019, ela lançou o romance Garota, Mulher, Outras e venceu o Book Prize, consolidando a sua carreira (aos 60 anos de idade).


Cora Coralina (1889-1995)

A brasileira Cora Coralina (pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) não tinha muita escolaridade, mas mesmo assim se tornou um dos maiores nomes da nossa poesia. Cora Coralina teve o seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, publicado quando ela tinha 75 anos.


Conceição Evaristo (1946—)

A professora brasileira, linguista, escritora e membro da Academia Mineira de Letras, lançou seu primeiro livro, Ponciá Vicêncio, em 2003, quando tinha 57 anos, ganhando projeção nacional, seja ao receber prêmios, seja tendo sua obra como foco de estudos acadêmicos. Evaristo entrou para o cânone nacional ao retratar personagens fortes e sua ancestralidade negra.


Elizabeth Gilbert (1969—)

A escritora, ensaísta, contista e biógrafa estadunidense Elizabeth Gilbert ganhou notoriedade aos 56 anos, quando lançou (em 2006) Comer, Rezar e Amar, obra que passou 180 semanas na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times. O livro também foi adaptado ao cinema em 2010.


Frank McCourt (1930-2009)

O escritor americano Frank McCourt passou a infância na Irlanda e escreveu sobre isso no livro de memórias As Cinzas de Ângela. O lançamento do livro aconteceu quando ele tinha 66 anos, e a obra lhe rendeu os prêmios Pulitzer e National Book Award. A obra também foi adaptada ao cinema.


José Saramago (1922-2010)

O português José Saramago ganhou notoriedade aos 60 anos, quando lançou o seu terceiro livro, Levantando do Chão (de 1980). Depois disso virou Nobel de Literatura (1998) e autor de best-sellers como Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, A Jangada de Pedra, O Evangelho Segundo Jesus CristoEnsaio sobre a cegueira, tendo suas obras adaptadas ao cinema.

 

J. R. R. Tolkien (1892-1973)

O britânico (nascido na atual África do Sul) J. R. R. Tolkien dispensa apresentações, certo? Além de escritor, foi professor universitário, filólogo e nomeado como Comendador da Ordem do Império Britânico. O que vale destacar neste post, é Tolkien lançou O hobbit aos 45 anos e a saga Senhor dos Anéis, aos 62. Todos os livros adaptados ao cinema. 


Laura Esquivel (1950—)

A mexicana Laura Esquivel lançou o seu maior sucesso, Como Água para Chocolate, em 1989, aos 41 anos. O romance foi adaptado para o cinema e para o teatro. 30 anos depois, ganhou uma continuação chamada O diário de Tita.


Liev Tolstói (1828-1910)

O grande nome da literatura russa publicou seu icônico Guerra e Paz, em 1869, aos 41 anos. Oito anos depois, ele lançou Anna Karenina, aos 49 anos.


Maria Valéria Resende (1942—)

A escritora santista Maria Valéria Resende publicou o seu primeiro romance aos 62 anos, com o livro Vasto Mundo. Depois disso, ganhou vários prêmios Jabuti com livros de literatura infantojuvenis. 


Raymond Chandler (1888-1959)

O estadunidense Raymond Chandler foi o responsável por uma revolução no gênero romance policial, cunhando as características que até hoje os leitores esperam em um detetive. Lançou seu notório O Sono Eterno, quando tinha 44 anos, obra que também foi adaptada às telonas.


Richard Adams (1920-2016)

O autor britânico Richard Adams é conhecido por seus livros de literatura infantil. Quando ele tinha 52 anos, escreveu uma história para as suas filhas que foi intitulada A Longa Jornada (Watership Down). Sobre a escrita do livro, ele disse em entrevista à BBC: "comecei a contar uma história sobre coelhos, improvisando, tirando tudo da minha cabeça espontaneamente, enquanto nós seguíamos de carro". Depois de ter sido recusado por 13 (sim, TREZE!) editoras, o autor não só foi publicado, mas também se tornou um grande sucesso de público e crítica. 


Scholastique Mukasonga (1956—)

A escritora ruandesa, na província de Gikongoro, pertence à etnia tutsi. Na infância, sua família foi deportada para Bugesera. Por isso, ela cresceu em campos de refugiados enfrentando exclusões e massacres. Já adulta, foi exilada para o Burundi, onde se formou assistente social e trabalhou para a UNICEF. Por fim, mudou-se para a França, onde reside. Em 2006, publicou seu primeiro livro aos 50 anos. A obra chegou ao Brasil como Baratas (em 2018) e retrata memórias autobiográficas a sobrevivência a todos esses traumas. Depois disso, ela seguiu recebendo reconhecimento internacional com os livros Nossa Senhora do Nilo (2012) e A mulher de pés descalços (2017).


Zélia Gattai (1916-2008)

Zélia Gattai é mais uma das brasileiras que começou a escrever na fase idosa. Aos 63 anos de idade, começou registrar suas memórias lançando o seu livro de estreia, Anarquistas, Graças a Deus, que se tornou best-seller à época de lançamento. A obra se tornou minissérie produzida pela Rede Globo. Zélia foi tão bem-sucedida que também ocupou a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras.

🎈🎈🎈

Viu, só?
Nunca é tarde para acreditar na própria escrita e correr atrás do sonho de compartilhar a própria arte! 
Viva a todos esses autores e autoras que acreditaram em si mesmos e deixaram esse legado tão bonito para todos nós! 

0 Comments

Seja bem-vindo ao Projeto Escrita Criativa!
Deixe o seu comentário e interaja conosco. ;)