Este arquétipo representa a energia do lado obscuro, os
aspectos não-expressos ou rejeitados. As Sombras
podem ser todas as coisas de que não gostamos em nós mesmos, todos os segredos
obscuros que não queremos admitir, nem para nós mesmos. A Sombra também pode
abrigar qualidades positivas que estão ocultas ou que rejeitamos por um motivo
qualquer.
Nas histórias, a face negativa da Sombra, projeta-se em personagens chamados de vilões, antagonistas ou inimigos. Os vilões e inimigos, geralmente, dedicam-se à morte, à destruição ou à derrota do herói. Os antagonistas podem não ser tão hostis — podem ser aliados que têm o mesmo objetivo, mas discordam do herói quanto à tática. Já antagonistas e heróis em conflito são como cavalos numa parelha, que puxam em direções diferentes, enquanto vilões e heróis em conflito são como trens que avançam um de encontro ao outro, em rota de colisão.
Função psicológica
A Sombra pode representar o poder dos sentimentos
reprimidos. Se o Guardião de Limiar representa neuroses, o arquétipo da Sombra
representa as psicoses que não apenas nos prejudicam, mas ameaçam nos destruir.
A Sombra pode, simplesmente, ser aquela nossa parte obscura contra a qual
estamos sempre lutando, em nosso combate contra os maus hábitos ou velhos
medos. Essa energia pode ser uma força interna poderosa e destrutiva,
principalmente se não for reconhecida, enfrentada e trazida à luz.
Função dramática
A função da Sombra é desafiar o herói e apresentar a
ele um oponente à altura em sua luta. As Sombras criam conflito e trazem à tona
o que o herói tem de melhor, ao colocá-lo numa situação que ameaça sua vida.
Costuma- se dizer que uma história é tão boa quanto seu vilão, porque um
inimigo forte obriga o herói a crescer no desafio.
A energia desafiadora do arquétipo da Sombra pode
manifestar-se num único personagem, mas também pode ser uma máscara usada em
momentos diferentes por qualquer um dos personagens da sua história. Os próprios heróis podem
ter um lado de Sombra. Quando o protagonista age de modo autodestrutivo, manifesta vontade de morrer, se deixa
inebriar pelo sucesso, abusa do poder ou se torna egoísta em vez de se dispor
ao sacrifício, está tomado pelo seu lado Sombra.
As Sombras não precisam ser totalmente más. Na verdade, é
melhor que sejam humanizadas por um toque de bondade, alguma qualidade
admirável ou quando ficam vulneráveis. As histórias da Disney são memoráveis
por seus vilões, como o Capitão Gancho, em Peter Pan, Cruella, de Os 101
dálmatas. Eles são ainda mais deliciosamente sinistros por causa de suas
qualidades de refinamento, poder, beleza ou elegância.
Ao planejar uma história, é importante lembrar que muitas figuras de Sombras não se consideram vilões ou inimigos. De seu ponto de vista, um vilão é o herói de seu próprio mito, e o herói da plateia é o vilão dele.
Um tipo perigoso de vilão é o "homem correto", a pessoa tão convencida de que sua causa é justa que nada pode detê-la. Cuidado com o homem que acha que os fins justificam os meios. Uma Sombra pode ser um personagem ou uma força externa ao herói, ou pode ser uma parte dele mesmo profundamente reprimida. O médico e o monstro representam com nitidez o poder do lado escuro na personalidade de um homem bom.
Algumas Sombras podem até passar por um processo de redenção e se converterem, passando a fazer parte do time do Herói. Um ótimo exemplo disso é o Darth Vader, de Star Wars.
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