Mulheres que fizeram história na literatura brasileira

 


Ao longo dos anos, muitas mulheres incríveis se destacaram no campo da literatura brasileira (ainda que muitas não tenham tido o reconhecimento merecido ainda em vida), contribuindo para a diversidade literária e para o desenvolvimento da cultura brasileira. Para citar algumas, podemos citar Maria Firmina dos Reis, Júlia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector Adélia Prado, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Cora Coralina, Hilda Hilst e tantas outras.

Neste texto, vamos citar cinco nomes e suas principais conquistas. Caso você se interesse pelo assunto podemos no futuro nos aprofundar na influência dessas mulheres e de outros nomes da literatura nacional.

Wikimedia Commons


Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934)

Nascida no Rio de Janeiro, Júlia Lopes de Almeida foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras (ABL) e seria a primeira mulher da ABL, ocupando a cadeira número 3. Ainda que participasse ativamente das reuniões e tenha contribuído para a fundação da ABL, ela não foi escolhida para figurar entre os imortais da Academia. Graças ao padrão francês das academias literárias seguindo na época, a ABL, fundada em 1897, não aceitava mulheres. A cadeira que deveria ser da autora foi, então, concedida ao seu marido Filinto de Almeida. Foi apenas em agosto de 1977 que a Academia Brasileira de Letras passou a aceitar mulheres, com a entrada da escritora Rachel de Queiroz.

Além disso, a autora é tida como uma das pioneiras da literatura infantil brasileira

Para conhecer: Contos Infantis (1886), Traços e iluminuras (1887), A família Medeiros (1892), A faLência (1901), Correio da roça (1913) e Pássaro tonto.

 

André Valente/BBC


Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917)

Nascida em São Luís do Maranhão, Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista brasileira. Além de escrever em um período em que a literatura era majoritariamente formada por homens brancos e ricos, a autora fundou no início de anos de 1880 a primeira escola mista e gratuita do Maranhão e uma das primeiras do país. E também foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado do Maranhão para o cargo de professora de primário.

Seu livro Úrsula, publicado em 1859, é considerado uma obra revolucionária para o seu tempo, e destaca-se como o primeiro romance abolicionista e a partir do ponto de vista dos escravizados de autoria feminina da língua portuguesa; e, provavelmente, o primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a América Latina.

 

Para conhecer: Úrsula (1859), Gupeva (1861), Cantos à beira-mar (1871) e A escrava (1887).


Aliança Traduções


Rachel de Queiroz (1910 – 2003)

Nascida em Fortaleza, Ceará, Rachel de Queiroz é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX.

Em 1927, estreou com o pseudônimo de Rita de Queirós, publicando no jornal O Ceará. Em 1930, publicou seu primeiro romance O Quinze, com o qual posteriormente tornou-se nacionalmente conhecida e ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha. Com vinte anos, projetava-se na vida literária do país, levantando a bandeira do romance de fundo social, intensamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca.

Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, e a quinta ocupante da Cadeira 5. Além disso, foi a primeira mulher e a primeira brasileira a ganhar o Prêmio Camões em 1993.

Para quem não conhece o Prêmio Camões de Literatura foi instituído em 1988 com o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da Língua Portuguesa.

Até o momento entre os vencedores do prêmio temos apenas sete mulheres, das quais apenas duas são brasileiras, são elas: Paulina Chiziane (2021), Hélia Correia (2015), Lygia Fagundes Telles (2005), Agustina Bessa-Luís (2004), Maria Velho da Costa (2002), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999) e Rachel de Queiroz (1993).

Em 2000, foi eleita para o elenco dos “20 Brasileiros empreendedores do Século XX”, em pesquisa realizada pela PPE (Personalidades Patrióticas Empreendedoras).

Para conhecer: O Quinze (1930), João Miguel (1932), Caminho de Pedras (1937), As três Marias (1939), A donzela e a moura torta (1948), O menino mágico (1967), Dora, Doralina (1975), O galo de ouro (1985) e Memorial de Maria Moura (1992)


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Nélida Piñon (1937 – 2022)

Nascida no Rio de Janeiro, Nélida Piñon foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, entre 1996 a 1997, e a quinta ocupante da Cadeira 30 da Academia. Em 1998, foi primeira mulher a receber o Doutor Honoris Causa da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Também foi titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami, entre 1990 a 2023 ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer, prêmio Nobel de Literatura de 1978).

A autora se aventurou por diversos gêneros, mas teve destaque na sua criação de contos.

Para conhecer: Guia-mapa de Gabriel Arcanjo (1961), Tempo das frutas (1966), A Casa da Paixão (1972), O calor das coisas (1980), Vozes do Deserto (2005), Coração Andarilho (2009) e Filhos da América (2016).

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Lygia Fagundes Telles (1918 – 2022)

Nascida em São Paulo, Lygia Fagundes Telles é conhecida como "a dama da literatura brasileira" e foi considerada a maior escritora nacional ainda viva até seu falecimento em abril de 2022, e é a segunda (e, até agora, a última) mulher do Brasil a receber o Prêmio Camões. Também foi ganhadora do Prêmio Jabuti (ganhou cinco ao longo da vida). Internacionalmente, já foi condecorada com a Ordem das Artes e das Letras pelo governo francês.

Foi graças ao incentivo de seus amigos Carlos Drummond de Andrade e Érico Veríssimo, que Lygia seguiu carreira na literatura. Em 1954 a autora lançou seu primeiro romance, intitulado Ciranda de Pedra, muito elogiado pela crítica é considerado a obra em que a ela alcança maturidade literária.

Em 1976, durante a ditadura militar, integrou uma comissão de escritores que entregou ao Ministro da Justiça o famoso “Manifesto dos Mil”, veemente declaração contra a censura. Ainda, em 1977, foi presidente da Cinemateca Brasileira. Em 1985 foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), sendo a quarta ocupante da Cadeira nº 16.

Para conhecer:  Ciranda de Pedra (1954), Histórias do Desencontro (1958), Verão no Aquário (1963), Antes do Baile Verde (1970) As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977), A Disciplina do Amor (1980), As Horas Nuas (1989), A Noite Escura e Mais Eu (1995) e Invenção e Memória (2000), Durante Aquele Estranho Chá (2002) e Conspiração de Nuvens (2007).



Esperamos que essa postagem inspirem você a conhecer mais sobre as mulheres que fizeram história na literatura brasileira e que elas te inspirem na hora da sua escrita.  Aproveitando o gancho, conta pra gente quais autoras te inspiram e quais você gostaria de saber mais sobre aqui no Projeto Escrita Criativa? 

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