3 mitos sobre a escrita/leitura de poesia

Foto por Jan Kahánek, via Unsplash.



Olá, escritores!

No post de hoje apresentamos 3 grandes mitos quando o assunto é a escrita de poesia. Aqui daremos um brevíssimo panorama. Caso vocês queiram que aprofundemos nesses pontos, nos avisem nos comentários. Agora chega de papo, vamos ao que interessa.


1. Poesia tem que ser sobre um assunto importante e difícil

Página 126 do livro Amor e Resiliência, organizado pelo Projeto Escrita Criativa.
Na imagem, o poema "Ventos que vêm e vão", de Ayumi Teruya.
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Quando os textos poéticos nasceram, eles costumavam tratar dos ditos temas elevados da alma humana, ou seja, os versos abordavam grandes feitos históricos/mitológicos (como na Ilíada ou na Odisseia), temas filosóficos ou existenciais. Entretanto o mundo mudou — e muito! — de lá para cá. É possível trazer a poesia para os acontecimentos mais simples: memórias, encontros com os amigos, dores amorosas, conquistas, nascimentos, mortes, enfim, tudo pode ser tema da escrita poética. Até porque nem tudo o que é importante e difícil para uma pessoa é para todo mundo. Esse senso sobre o que merece ser discutido e, portanto, levado para a arte (que é coletiva) também se transformou ao longo dos séculos.

Poesia não precisa ser sobre um tema difícil nem um texto de leitura complicada. Tudo vai do objetivo do poeta ao escrever. Quando vocês fazem poesia, vocês querem que seus versos sejam lidos por quem?


2. Poesia tem que rimar

Páginas 24 e 25, do livro A Intermitência das Coisas, de Fernanda Rodrigues (Editora Penalux).
Poemas "Estouro" (à esquerda) e "Ampulheta" (à direita).
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Quando a linguagem poética nasceu, não havia a facilidade de se ter várias cópias de um mesmo texto e muitas pessoas que sabiam ler e escrever, sendo assim, muitos dos textos precisavam serem decorados para que pudessem ser transmitidos — seja em um ambiente acadêmico, seja em saraus e outros eventos culturais. Tanto as rimas quanto as formas fixas de escrita (como o soneto, por exemplo) eram facilitadoras neste processo de memorização dos textos.

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, nós deixamos de ser dependentes da memória — nem precisamos de papel para compartilhar um poema mais, já que podemos fazê-lo por meio de arquivos digitais sejam eles por escrito, por áudio ou por vídeo. Essa independência do processo de memorização, também nos libertou da necessidade das formas fixas (que costumam ter um ritmo próprio) e das rimas.

Aqui no Brasil, os poetas aderiram mesmo aos versos brancos/soltos (sem rimas) e livres/irregulares (sem métricas), a partir do Modernismo. De lá para cá, continuamos bebendo dessa fonte que permite com que poetas brinquem com a linguagem e explorem outras formas de criar sonoridade, a exemplo da assonância (repetição de vogais) e da aliteração (repetição de consoantes).

Vocês já experimentaram escrever poesia sem rimar?


3. Poesia tem que ser sempre alinhada à esquerda

Páginas 14 e 15 do livro Lágrimas não caem no espaço, de Luiza Mussnich (Editora 7 Letras).
Poemas "Cadeado" (à esquerda) e "Aeroporto" (à direita).
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Ao pensar em versos, uma estrutura clássica da disposição do texto no papel que costuma surgir na nossa cabeça é a dos versos alinhados à esquerda. De fato, é algo muito comum, mas esta não é a única forma de se escrever um poema. Como poesia é uma linguagem que explora ao máximo como dizer muito com mínimo (por isso que há poemas de um único verso!), a disposição das palavras no papel pode interferir no entendimento do poema — ampliando, facilitando ou até mesmo dificultando o entendimento do significado do texto.

Páginas 66 e 67, do livro Poetas Negras Brasileiras, organizado por Jarid Arraes (Editora de Cultura).
Na imagem, o poema "Corro", de Kuisam de Oliveira.
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Você já pensou em explorar o espaço do papel ao escrever os seus versos?


Considerações finais

Livros citados no post: Poetas Negras Brasileiras, A Intermitência das Coisas,
Lágrimas não Caem no Espaço e Amor e Resiliência.


Escrevemos este post para dizer que não existe uma única forma de fazer (e de ler) poesia. Nós sabemos que muitas pessoas têm medo de abrir um livro cheio de poemas e mais ainda, que muita gente se sente incapaz de escrevê-las. Desconstruir esta imagem de que poesia precisa ser difícil, rimar e séria na forma pode ser um modo de adentrar no universo poético. Há diferentes formas de poesia para todos os gostos. Que tal tentar?!

Deixe nos comentários qual é a sua experiência de leitura e escrita de poesia.

1 Comments

  1. eu acho engraçado como sempre achei que não era capaz de fazer poesia e depois descobri que os textos que escrevia tb era poesia...
    adorei o post

    beijosss
    Beijos,
    Carol Justo | Justo Eu?!

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