Três habilidades introspectivas para criar diálogos melhores em suas histórias
Foto: Volodymyr Hryshchenko |
Estamos tão conectados que muitas vezes acabamos não percebendo o que acontece ao nosso redor. São tantos estímulos que recebemos todos os dias que fica difícil absorver tudo, e o pouco que conseguimos muitas vezes não temos "tempo" de analisamos com cuidado para obtermos informações relevantes. Situações como essa contribuem para que nos deparamos com o temido bloqueio criativo. Caso você esteja passando por isso neste momento não deixe de conferir 10 dicas para superar o bloqueio criativo que listamos aqui no blog. Porém, não iremos falar sobre isso hoje.
Provavelmente você já ouviu ou leu em algum lugar sobre como você precisa vivenciar novas experiencias para ter uma escrita mais rica em detalhes, afinal escrevemos melhor sobre aquilo que conhecemos e/ou vivenciamos. Porém, nem todo mundo consegue se aventurar nas interações sociais e explorar o mundo além da sua zona de conforto com maestria, então porquê não podemos de repente explorar as habilidades introspectivas e aprender com o melhor dos dois mundos?
Em Three anti-social skills to improve your writing, a educadora Nadia Kalman nos sugere algumas "habilidades anti-sociais", para melhorarmos nossa escrita e conseguir criar um diálogo eficaz em nossas histórias. As habilidades mencionadas são:
1.Espionagem
Quem nunca escutou sem querer a conversa alheia enquanto estava esperando no ponto de ônibus, na fila do banco, no metrô, em uma viagem de avião e por aí vai?
Apostamos que você disse sim a pergunta acima. Então da próxima vez que você estiver em uma situação dessas e escutar uma conversa que desperte sua curiosidade, tente prestar um pouco mais de atenção. Anote os pontos principais, caso não consiga pegar todo o contexto para não esquecer depois. Às vezes as palavras que você escuta podem lhe dar ótimas ideias para uma cena ou quem sabe uma nova história.
Lembre-se: Quando você escreve ficção, você não está descrevendo pessoas reais, e sim criando personagens, ou seja, inspire-se nas situações e não copie exatamente aquilo que você vê.
2.Fingir que os personagens são reais
Você ouviu uma conversa que te chamou a atenção, anotou os pontos-chave. Agora é a hora de começar a dar forma para sua cena de diálogo.
Cena do filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças ( Eternal sunshine of the spotless mind) |
Quem disse cada frase disse diálogo? São crianças? Um casal? Pai e filho? Um adolescente e um idoso? Como eles são? De onde são? Como se vestem? Que música ouvem? Onde vivem? Passe um tempo com eles, os conheça. Nessa etapa o Planner para escritores e o Planner de Escrita podem te ajudar a responder essas e outras perguntas.
Se você está em um ônibus, imagine o que eles poderiam estar fazendo se eles estivessem ali também, por exemplo. Eles estariam falando ao telefone, escutariam música, leriam um livro ou tirariam uma soneca?
Se você está em um ônibus, imagine o que eles poderiam estar fazendo se eles estivessem ali também, por exemplo. Eles estariam falando ao telefone, escutariam música, leriam um livro ou tirariam uma soneca?
Uma vez que você já conheça seus personagens ficará mais fácil saber como cada um fala e se expressa.
Lembre-se: Uma pessoa mais velha deve falar diferente de uma mais jovem, um adolescente fala de uma maneira com os pais e outra com os amigos, assim como uma pessoa do interior tem um linguajar diferente de quem mora na capital, etc...
3.Murmurar para si mesmo
Quando você fala com as palavras de seus personagens, você pode ouvir se eles soam naturais e conserta-los se necessário.
Cena da série de TV New Girl |
A maioria das pessoas falam com frases curtas, não em parágrafos longos. Logo falas muito longas não soam tão naturais. Pergunte a si mesmo: Isso é realmente necessário?
Por exemplo: Em algumas situações o uso do advérbio pode se tornar redundante. Já em situações que as palavras e as ações não combinam, um advérbio pode ser útil.
Por exemplo: Em algumas situações o uso do advérbio pode se tornar redundante. Já em situações que as palavras e as ações não combinam, um advérbio pode ser útil.
Lembre-se: A maioria das pessoas são geralmente tendem a serem informais quando falam, usando linguagem simples e contrações, assim como gírias e alguns neologismos.
Para colocar em prática as dicas listadas aqui, sugerimos alguns exercícios para você praticar. Confira:
1. Liste pelo menos cinco diálogos que você considera os melhores que já leu. O que você acha que tornou o diálogo eficaz? Quais técnicas você acredita que o autor usou?
2. Um personagem pode falar de maneira diferente, dependendo da idade ou região geográfica em que se encontra. Quais são alguns outros fatores que podem afetar a maneira como um personagem fala?
2. Um personagem pode falar de maneira diferente, dependendo da idade ou região geográfica em que se encontra. Quais são alguns outros fatores que podem afetar a maneira como um personagem fala?
3. Pegue uma mesma frase e a reescreva como se fosse uma pessoa idosa falando, um adulto, um adolescente, uma criança, uma animal. Alterne o gênero também, afinal homens e mulheres se expressão de maneiras diferentes. Para aumentar um pouco a dificuldade escolha três estados brasileiros e reescreva como cada uma dessas pessoas falaria a mesma frase.
4. A maioria das pessoas tende a falar informalmente, usando linguagem simples, contrações, gírias etc. No entanto, há casos em que o discurso formal se encaixa melhor em um personagem ou uma história. Que tipo de personagem pode usar um vocabulário acadêmico e uma gramática formal? Além disso, em que tipo de situação um personagem pode adotar um estilo rabuscado de falar?
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2 Comments
Olá!
ResponderExcluirAdorei essas dicas de "habilidades anti-sociais". Para escrever não basta criatividade, tem que ser observador e estar atento ao que acontece ao redor. A ideia de escrever um mesmo diálogo para personagens com características distintas é ótimo!
Como gosto do comportamento humano já penso não apenas na forma de cada tipo de pessoa se expressar, mas naquilo que sentem numa mesma situação.
Ótima semana =)
Olá! Gostei muito das dicas, fingir que os personagens são reais dá vida a eles de uma forma diferente, linda e real, é bom porque a história fica de uma maneira que acreditamos e nos identificamos mais.
ResponderExcluirAmei as dicas.
Beijocas.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
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