Olá Escritores!
Aqui é a Ayumi, uma das moderadoras do Projeto
Escrita Criativa. Dessa vez quero contar para vocês sobre uma experiência muito legal que passei com o Laboratorio del Poeta aqui em Buenos Aires. Tive a oportunidade de
ver uma aula de estrutura narrativa e quero compartilhar minhas descobertas!
Mas antes de revelar os segredos de uma boa história, que tal saber um pouco mais sobre o Laboratorio del Poeta?
Fundado em 2008, por Lisandro Gallardón e
apadrinhado pela UBA de Filosofía e Letras (Universidad de Buenos Aires), o
Laboratorio del Poeta é um espaço que oferece oficinas, tutorias e eventos
relacionados à escrita, oferecendo serviços de forma on-line e presencial
para todas as idades. Sua missão é dar beleza ao mundo mediante a assistência
didática, revisão editorial e fusão de obras finalizadas ou em processo
daqueles que participam desse espaço.
Seu
objetivo específico é levar a intuição criativa e a inteligência compositiva do
participante à sua máxima expressão a partir de uma abordagem de várias
estratégias, baseadas na semiótica estética y na poética cognitiva, mediante a
um acompanhamento constante e de alto nível académico acessível para todos. Não
é necessário um conhecimento prévio para fazer parte do Laboratorio, os
exercícios podem ser realizados tanto por crianças como por adultos.
Agora é a hora de compartilhar aquilo que eu
aprendi. Vamos lá!
1.Toda história precisa de EMPATIA.
É a partir da empatia que a história chegará no
mais íntimo do leitor. É a cereja do bolo que o fará conectar-se com os
personagens e se interessar pela história. É o elemento chave que vai seduzi-lo.
E como chegar nessa empatia?
Não pense “esse personagem é como esse tipo de
pessoa, então ele faria isso, isso e isso”, dessa forma você cairá nos clichês
e nos padrões de sempre. Seja autêntico, coloque-se de verdade no lugar desse
personagem, seja ele, sinta de verdade ao escrever a história, atue como ele.
Tudo isso fará com que a história tenha uma
relação real com a vida.
2. Situação de risco.
Criar a personalidade de um personagem nunca é
fácil. Fazemos listas, atuamos, imaginamos, escrevemos biografias inteiras para
tentar captar a essência de cada um, mas muitas vezes falhamos em alguns
aspectos.
Uma boa forma é imaginar como o seu personagem
reagiria em uma situação de risco.
Ele realmente seguiria tudo aquilo que acredita
ou deixaria sua moral de lado? Faria o que diz ou ficaria petrificado diante
uma situação arriscada? Quais são os medos que o dominariam? Qual tipo de “defeito”
viria à luz?
3. Personagens e a estrutura da história.
É importante entender que o personagem deve ter
uma evolução durante a história, que mude ou aprenda algo com todas as
situações que passou. A estrutura narrativa moldeia o personagem ao mesmo tempo
que ele moldeia a estrutura, isso significa que as situações da estrutura mudam
o personagem e essa mudança pode levar a história (estrutura) para outros
rumos. Se trata de um ciclo vicioso sem fim, o personagem é assim por conta da
história e a história é assim por conta do personagem.
4. Linha de cotidianidade e abismo.
A linha de cotidianidade nada mais é do que
aquilo que o personagem faz todos os dias, a rotina “sem graça” que não é
interessante para o leitor. O abismo é algo que vai quebrar essa linha. É um acontecimento
dentro da linha de cotidianidade que acontece após uma ação do personagem, que
o leitor espera que aconteça algo, mas no final acontece o contrário (princípio
de ação e reação. Ação do protagonista – reação/forças opostas que geram o
abismo).
Exemplo: o personagem caminha até a porta para
sair da sala (ação).
Expectativa: personagem sai da sala sem
problema algum. Realidade: a porta está emperrada (reação).
É o abismo que vai exigir uma segunda ação do personagem, traz algo que o faça mover do lugar que está e buscar uma solução. É após o abismo que serão gerados os conflitos.
No caso do exemplo, o fato da porta estar
emperrada o impede de sair da sala, gerando um conflito entre o que deseja o
personagem e aquilo que ele tem no momento. Esse abismo pode gerar várias
situações conflituosas, o personagem pode tentar sair pela janela, mas esta
está coberta por uma grade de ferro, ele pode tentar arrombar a porta e quebrar
uma cadeira ao tenta-lo.
Podem existir vários conflitos dentro da trama,
mas é importante ressaltar dois momentos que interrompem a linha de
cotidianidade. O Incidente Incitador que é aquele que dá início a todos os
problemas, é a primeira faísca que acendeu o fogo da história e que vai chamar a
atenção do leitor, dá lugar à curiosidade que leva à pergunta: “o que vai
acontecer agora?”. E o Clímax do Último Ato é aquele último conflito em que o
protagonista consegue resolver o problema planteado no Incidente Incitador,
aquele acontecimento que todos os leitores esperam ansiosos, as famosas “batalhas
finais”.
6. Tipos de conflitos.
Em uma história podem acontecer três tipos de
conflitos: intrapessoal, pessoal e extrapessoal.
○ Intrapessoal são aqueles conflitos internos do personagem, pode ser algum dilema, problemas pessoais ou psicológicos, algo dentro do próprio protagonista que ele deve superar.
○ Pessoal é algum tipo de conflito em relação a um outro personagem, a famosa dinâmica mocinho contra vilão.
○ Extrapessoal é o tipo de conflito em que o personagem enfrenta o “mundo”, uma ditadura, uma ideologia, algo não relacionado diretamente com ele.
○ Intrapessoal são aqueles conflitos internos do personagem, pode ser algum dilema, problemas pessoais ou psicológicos, algo dentro do próprio protagonista que ele deve superar.
○ Pessoal é algum tipo de conflito em relação a um outro personagem, a famosa dinâmica mocinho contra vilão.
○ Extrapessoal é o tipo de conflito em que o personagem enfrenta o “mundo”, uma ditadura, uma ideologia, algo não relacionado diretamente com ele.
7. Arco narrativo.
É o caminho que o personagem percorre desde o
Incidente Incitador até o objeto de desejo (algo que o personagem precisa, pode
ser algo físico ou psíquico), não é em formato lineal, se apresenta em forma de
dois arcos.
O primeiro arco é o do Desejo Consciente, é
aquela meta clara que tanto o leitor como o personagem conhecem bem, é esse
desejo que, tecnicamente, move o personagem em direção ao objeto. O segundo
arco é o do Desejo Inconsciente, é mais profundo e se encontra nas entrelinhas,
o personagem nunca dirá qual é esse desejo porque é o leitor que deve
detectá-lo ao longo da leitura, através das ações e circunstâncias em que se
encontra o protagonista.
Exemplo: Um personagem está estudando
psicologia e diz: “quero terminar logo para ser alguém na vida”.
Desejo Consciente: quer terminar logo a
faculdade porque é vantajoso formar-se jovem, abre portas no mercado de
trabalho. Desejo Inconsciente: quer terminar logo para agradar os pais e poder
estudar realmente o que quer no futuro quando estiver economicamente estável.
Esses foram alguns dos vários ensinamentos e
experiências que tirei do Laboratorio del Poeta. A aula foi bem dinâmica e fizemos algumas atividades. No final nos juntamos em grupos para produzir um texto seguindo os novos ensinamentos e o atuamos depois, vendo as palavras no papel tomarem vida.
Espero que vocês tenham gostado. E se você mora, vem visitar ou quer fazer um intercâmbio na Argentina, não se esqueça desse “Taller de Escritura Creativa”! É gratuito, inspirador e no final do quadrimestre você ganha um certificado da UBA.
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1 Comments
Ainda sem palavras para agradecer sobre esse post. Feliz por ver que minha nova história se encaixa nos itens, acho que preciso apenas trabalhar mais no arco narrativo, e colocar mais pimenta na história.
ResponderExcluirBjo grande e obrigada pelos ensinamentos
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